quinta-feira, 11 de março de 2010
MEU CARNEIRO BRANCO
meu carneiro branco
de alma branca de criança
de inocência branca de criança
de amor simples no berro
de paz branca nos gestos
de lições de renúncia e doação
não sei quem levou meu carneiro branco
é assim também na vida
tudo leva todos e tudo
não se sabe por onde
não se diz para aonde
meu carneiro branco
comia grama no meio da rua
eu comia o tempo - ácido corrosivo
ou era o contrário?
comia sim - "o capim seco: a saudade
do verde que já vivi".
não quero ir longe
com já está tão longe
com a vida ficando longe
sempre mais
o fotógrafo leva distante
meu carneiro branco e a mim
não quero ir para mais longe
nem meu carneiro branco
o olhar triste e comprido
de meu carneiro branco
não quer ir com estranhos
os irracionais também sentem saudade
também sentem dor
por que não têm um céu?
eles são muito mais dóceis
eles são muito mais verdadeiros
eles nem pecam
Dias da Silva
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