quinta-feira, 6 de maio de 2010

A FLOR DO REGATO


pobre flor. Na corrente debruçada,
pálida e bela sobre as águas frias
que por ti vão passando atarefadas
na pressa de chegar às penedias...

salpicando-te a fronte na orvalhada,
beijando-te a esperar que tu sorrias
e aos poucos te deixando descorada
nem repararam quanto enlanguecias.

e assim, cantarolando, vão levando
um pouco de ti mesma em seu regaço
olvidando-te ao âmago das fráguas.

e enquanto nos penhascos vão cantando
desconhecem que o óbvio deste abraço
transformou o teu viver em duas mágoas.

Bernadina Vilar (Dandinha)

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