segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O CEGO DE VÁRZEA ALEGRE - E O MILAGRE DO PADRE CÍCERO


Ó Deus de bondade pura
Claro arrimo do perdão
Inspirai-me nessa história
De amor e devoção
Contando a capacidade
Da grande veracidade
Do padre Cícero Romão

Jesus Cristo está no céu
Olhando para nós na terra
Ao lado do Espírito Santo
Que a sapiência encerra
E Nossa Senhora das Dores
Dá perdão porque se erra.

Jesus no tempo passado
Ao mundo já ensina:
A fé transporta as serras
E aos tristes acalentava-
Não existe impossível
E muito mais propagava

Pois bem agora temos
Grande justificativa
Na cidade de Várzea Alegre
Que ficou alegre e viva
Com esse acontecimento
Presente do firmamento
Que a nossa igreja priva

José Teotônio de Carvalho
Daquela mesma cidade
Há oito anos foi vítima
De grande enfermidade
Deixando-o cego totalmente
Com a tristeza de repente
Tomando-lhe a felicidade

Não ficou médico que ele
Com dinheiro o receitasse
Deu busca na capital
Mas nada que melhorasse
Foi até no macumbeiro
Desses do Juazeiro
Mas nada que provasse

A sua vida dava pena
De angústia e desolação
Pois como cego de guia
Não enxergava o chão
A sua vista se acabou
Como um inválido ficou
Nas trevas da solidão

Aos 62 anos de idade
Sua vista ele perdeu
E de lá para essa data
Nada mais aconteceu
A não ser a escuridão
Da dura escravidão
Que na sua casa bateu

Sendo guiado pelos outros
Não podia mais trabalhar;
Quem outrora fora rei
No roçado de limpar
Agora era um cego
Que a dura sorte, não nego
Veio com ele morar.

Oito anos depois
Num momento de dor
Lembrou-se de Juazeiro
E do seu grande benfeitor
E lhe fez uma promessa
Que no folheto meça
Com atenção e calor

Nesse dia ele sofria
Triste e abandonado
Sem ver mais a luz do sol
Nem a campina e o gado
Se lembrava do alvorecer
E começava a sofrer
Como um desconjurado

Fez uma promessa de dor
Como se fosse morrer
Pediu ao Padre Cícero
Que o fosse socorrer
E a N.S. das Dores
Que é mãe dos pecadores
Pediu a sua mercer

A sua promessa foi essa
Que é mais ou menos assim
Vala-me meu padrim Cícero
Dá teu sorriso a mim
Fale a tua mãe santíssima
Virgem santa puríssima
Faz a minha dor ter fim

Eu prometo, Padre Cícero
Pela virgem Nossa Senhora
Se ficar bom dos meus olhos
Logo que tenha melhora
Vou a pé ao Juazeiro
Como um honroso romeiro
Sem aperreio e demora

A medicina dos homens
Seu resultado me deu
- Nunca mais com minha vista
Olharei a luz do céu
Perdoai ó pai amado
Pois me acho abandonado!
Foi o que me sucedeu.

Nove luas se passaram
Sem nada lhe acontecer
Mas numa noite sonhou
Como vou escrever:
Padre Cícero chegava
Ao pé da rede e falava
Sem ele se aperceber

Padre Cícero dizia:
Teotônio deixe eu botar
Esse colírio nos seus olhos
E vamos os dois passear;
Tomando ele na mão
Foram os dois pelo chão
E começava a enxergar.

No outro dia Teotônio
Tomando com emoção
Contou o sonho aos amigos
Que ouviram com atenção;
A promessa renovando
Foi ele reacreditando
No Padre Cícero Romão

E aos 15 de setembro
No dia da procissão
Das festas do Juazeiro
Do Padre Cícero Romão
Teotônio se levantou
E quase se assustou
Por causa de emoção.

As 04 horas da manhã
Precisou ir ao quintal
Levantou-se pelas paredes
Como noutro dia igual
Mas quando abriu a porta
Quase que não suporta
Devido o seu festival

Viu o céu por primeiro
As estrelas do firmamento
Olhou pra cerca e notou
O seu velho jumento
Nisso a grande alegria
Quase que o desmentia
Sem o seu consentimento

Esfregou os olhos e disse
Estou ainda sonhando!
Padre Cícero me ajude
Porque vou acreditando;
Quando a barra do dia
No horizonte surgia
Quase estava delirando

O pessoal de sua casa
Com alarido chamou
E daí poucas horas
Sua casa se completou
Com gente de todo canto
Complementando o espanto
Que nunca se imaginou

Da rua Coronel Pimpim
A toda a sua cidade
Até o povo dos sítios
Fez a festividade
Com aquele acontecimento
Dando o agradecimento
De ver a grande verdade

Três dias esse romeiro
Ficou sem querer dormir
Com medo de ficar cego
E voltava a sorrir
Até que muito cansaço
Dormiu sem embaraço
Como um rico grão-vizir

Até o policiamento
Da polícia militar
Se comoveu com aquilo
Que eu pude relatar
E quem trouxe informação
Foi um católico capitão
Que eu vou mencionar

O delegado de Várzea Alegre
Um capitão policial
Homem sério decidido
Nos foi muito informal
Pois com sua informação
Do respeitoso capitão
Tem o nosso credencial

Essa notícia correu
De norte a sul do estado
E brevemente estará
No Japão, do outro lado,
Na Inglaterra e na França
Distribuindo esperança
Ao pobre desenganado

Louvado seja o meu Deus
E Padre Cícero Romão
Nossa Senhora das Dores
A Virgem da Conceição
Deus é pai; o filho é Deus,
Na terra da Promissão.

Abraão Batista

Cordel Lançado em15/10/1977
Esse personagem do cordel morava aqui era o sogro de Chico Padeiro e de Neném Orelha

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