quinta-feira, 7 de abril de 2011

MEDIDOR DE CHUVAS


Em Calçoene, no extremo norte do Brasil, ocorre um dos maiores índices de pluviosidade do mundo. Naquele município do Amapá a média anual de chuva é de 4.165 mm, mas em alguns anos, como em 2000, já foram registrados quase 7.000 mm. Mesmo com tanta água vinda do céu, lá pouca gente conhece ou ouviu falar no pluviômetro, instrumento para medir a quantidade de chuva.

Já em Várzea Alegre, que sofre com frequentes estiagens, o uso do pluviômetro é conhecido de todos. Por várias décadas, coube ao comerciante Inácio Gonçalves da Costa, proprietário de um desses medidores, registrar e divulgar a quantidade de chuvas caída no município da caatinga cearense. Cedo da manhã, vários comerciantes aguardavam ansiosos a chegada de Inacin ao Café de Socorro Belizário para perguntar os milímetros de chuva caídos na noite anterior.

Certa ocasião, na segunda metade do século passado, a cidade de Várzea Alegre foi surpreendida por um temporal. Choveu bastante durante toda a madrugada. No dia seguinte, bem cedo, no Café de Socorro, os assíduos Vandir Viana, Toin Costa, Zé de Zacarias, Raimundo Leandro, Cícero da Sapataria e João Francisco combinaram pregar uma peça em Inacin, nada perguntando acerca da forte chuva caída na noite anterior.

O baixinho e simpático comerciante chegou ao estabelecimento de Socorro, cumprimentou todos, acendeu um cigarro e nada dos amigos indagarem acerca da chuva. Incomodado com o entranho silêncio do presentes, Inacin tomou um café, deu um forte trago no cigarro, levantou-se e saiu resmungando:

- Tão tudo com o rabin chei, né ?

Flávio Cavalcante

http://pedradeclariana.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Inacin não só media chuva mas também colecionava e expunha cachos de arroz de todas as safras....
    Grande abraço e obrigado pela divulgação do blog Pedra de Clarianã.

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