quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

GATO NAMORADOR



Na década de setenta, quando deixou a pequena Várzea Alegre e foi morar em Fortaleza, minha avô Maria Amélia acolheu vários parentes e amigos que buscavam a capital cearense para estudar e trabalhar. Além dos filhos à época solteiros - Paulo Danúbio, Paula Gorete, Maria Zélia, Francisco das Chagas(Chico Nenê) e Antônio Ulisses - pela acolhedora casa da minha avó passaram Zé Helder, Moacir, Costa Neto, Romélia, Rosélia e muitos outros. Circulavam tantos rapazes e moças que o local mais parecia um pensionato.

Como todo lugar dominado por jovens, na casa daAvenida Expedicionários acontecia de tudo. Nessa época, Paulo Danúbio, com todo o vigor da mocidade, se engraçou por uma nova funcionária da residência. Certa madrugada, deixou o quarto destinado aos rapazes e foi visitar o cômodo onde dormiam as empregadas da residência, inclusive a mais velha e antiga delas, Tonha. Com cuidado, tateando no escuro, Paulo passou por baixo da rede de Tonha para alcançar a barulhenta cama de campanha onde aguardava a bela e jovem funcionária.

Com os ruídos e gemidos provocados pelo entusiasmado encontro, a moça velha Tonha acordou e resmungou:

- Oxente, que barulho é esse ? Quem taí?

Antes de sair às pressas do quarto, ainda ofegante, Paulo imitou um pequeno felino e disse:

- Miauuuuuuuu, é um gatin.

No dia seguinte, logo cedo, Tonha e a jovem empregada preparavam o saboroso café da manhã quando apareceu na cozinha a querida dona da casa e sentou à mesa com os filhos Paulo Danúbio, Maria Zélia e Paula Gorete. Ansiosa para contar o ocorrido em seu quarto, a fiel empregada Tonha, com mistura de ingenuidade e malícia, coando o café, perguntou à patroa:

- Dona Maramélia, gato fala?

Flávio Cavalcante
http://pedradeclariana.blogspot.com

Um comentário:

  1. Forte abraço, poeta...
    Nessa hora até gato fala...
    Parabens pelo sucesso do blog e obrigado pela divulgação dos "causos" postados em Pedra de Clarianã...

    ResponderExcluir