domingo, 26 de dezembro de 2010
A CIGARRA E O POETA
Eu te bendigo ó cigarra
Que leva a vida a cantar
Para tudo alegrar
Espantar os dissabores
Entendo bem tuas queixas
O teu cântico sem par
Que nunca pode parar
Por força das tuas dores
Enquanto eu vibro a viola
Fazendo o meu improviso
Tão triste, tão indeciso,
Sem n’outra coisa pensar
Tu cantas lá pelas serras
Tão ingênua tão calma...
Eu canto com a voz da alma
Sorrindo p’ra não chorar.
Ó minha cigarra amiga
Companheira de desdita
Quando te vejo aflita
Amargando a solidão
Também sozinho no mundo
Eu choro a minha tristeza
Que sai com tanta pureza
De dentro do coração
Nosso canto é parecido
Tu cantas para alegrar
Eu canto p’ra não chorar
As mágoas dentro do peito
Juntemos-nos, pois, companheira,
Eu- poeta, tu- cigarra,
Vamos fazer uma farra
Cantando num tom perfeito.
Em suave orquestração
Cantemos numa só voz
Transformando o eco atroz
O choro de dor profundo...
Cantemos a sinfonia
O canto do despertar
P’ra toda gente alegrar
Tornando feliz o mundo!
Zelito Magalhães
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