terça-feira, 22 de março de 2011

AS MUITAS UTILIDADES DO JORNAL


Na festa de agosto de 1987, o varzealegrense Antônio Ulisses não exagerou apenas no consumo da bebida. Nos dez dias de arraial em homenagem ao padroeiro São Raimundo Nonato, na barraca do irmão Francisco das Chagas (Chico Nenê), na divertida companhia de Tércio Costa, Cezar Costa, Irapuan Costa, Gilson Primo, e Chico Basil, o corretor de algodão consumiu incontáveis porções de frituras de rabada de porco, preá e avoante.

Logo após os ininterruptos dias de comemoração, com a ingestão de muita cerveja e pesados tira-gostos, Antônio Ulisses decidiu viajar para Fortaleza acompanhado do primogênito Antônio Costa. Na capital alencarina faria algumas compras e visitaria sua mãe e irmãs.

Mal o ônibus da empresa Vale do Jaguaribe iniciou o longo percurso da viagem, Antônio Ulisses soltou uma devastadora bufa típica do seu período de ressaca, provocando desconforto entre os demais passageiros. Poucos minutos depois, quando o corretor liberou discretamente outros gases intestinais, um dos viajantes reclamou:

- Motorista, pare o ônibus pra gente descobrir quem é esse doente e deixar internado no hospital das Lavras.

- É, seu Motorista, esse coitado tá morto e num sabe – disfarçou Antônio Ulisses.

Antônio Costa, à época com dez anos de idade, que sofria de perto com o fedor, resmungou:

- Eu vou é sair daqui que pai é só peidano...

E depois de ser contido e receber um sério alerta para que não entregasse donde se originava a flatulência, o garoto gritou:

- E além de peidar pôde pai é só me biliscano. Eita pai...

O próprio Antônio Ulisses contava essa história e concluía a cômica narrativa dizendo que, trancando peido, seguiu o restante dos intermináveis quatrocentos quilômetros de viagem fingindo ler um jornal para esconder o rosto e a vergonha que sentia dos outros passageiros.


Contado por Flávio Cavalcante

http://pedradeclariana.blogspot.com/

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