sexta-feira, 4 de março de 2011

A Linguagem dos Olhos


Os olhos são os mais nobres dos sentidos do homem. Chantado na parte mais eminente do corpo humano, exercem eles um reinado de perfeição, de percuciência, de intuição sobre os demais órgãos.
Na pequenez de sua retina, cabe o universo. Com o auxílio de lentes desvendam os segredos do infinito. Iluminados pela fé, penetram a eternidade.
Os olhos traduzem os estados mais íntimos e secretos da alma. Os lábios podem mentir. Os olhos, nunca. O olhar de uma criança diz inocência. O da mãe, ternura. O olhar do assassino, vingança. O do moribundo, as tristezas da morte. Os olhos dos jovens falam de esperança e de amor.
Vivemos emoções e sentimentos pelos olhos. Olhos que riem. Olhos que choram. Olhos que falam de amor e ódio. Olhos que rezam, que cantam, que abençoam, que amaldiçoam.
O amor sempre começa por um olhar. Vive na doçura e encanto dos olhos e neles embala todas as suas esperanças e todos os seus idílios. Os olhos dizem mais que os lábios. Tem a doçura das manhãs de arrebol. Tem a tristeza dos crepúsculos silenciosos. Tem as cintilações e a cólera dos raios fascinantes. Ferem como o gume das espadas.
São mais cortantes que a ironia. Mas terríveis que o desprezo. Mas sombrios que a censura. Com os olhos dizemos que sim. Dizemos que não. Dizemos um adeus eterno.
Há olhos que trazem a suavidade das matinadas. Há olhos que parecem sempre ajoelhados a rezar. Olhos que aconselham. Que se compadecem, que falam de saudades.
Os maiores mistérios e os transes mais sublimes da vida se fixam nos olhos. Olhar de uma mãe que contempla o filho pequeno. Olhar de uma criança que fita o céu. Olhar de jovens que se contemplam. Olhar da velhice que recorda o passado. Olhar de um moribundo que lobriga a solidão das necrópoles e contempla desolada pela última vez a chama dos sírios acesos.
Com o olhar, o divino mestre penetrou os segredos da alma de Madalena e lhe falou das divinas sinfonias da graça. Pelos olhos, penetrou um raio de graça divina na alma de Saulo , às portas de Damasco. Pelos olhos, entram diariamente, na contemplação das harmonias da natureza, a mensagem de amor e de bondade que Deus escreveu e deixou no painel do universo.

Padre Vieira

Enviado por Valdenilde Fiuza Correia (sobrinha de Padre Vieira) a Magnólia

http://www.blogdosanharol.blogspot.com/

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