segunda-feira, 4 de julho de 2011

Que mal há no excesso?



Reflexões sobre o escrever analítico e sintético

Qual a principal dificuldade de quem gosta de escrever?
Ser sintético, objetivo. Visto que quem sente prazer em escrever, a ponto de se deixar envolver -
se deixar corromper pelas palavras e pensamentos -, comete o pecado do excesso de linhas, do excesso
de palavras que, por vezes, pode ser suprimido (sintetizado) em um único sinônimo. Sintético.

Mas, por outro lado, qual a beleza da escrita? Em minha fraca compreensão é: encantar, envolver, instigar...
Transbordar o que se deseja expor de uma forma bela, poética, particular...
Onde você mostra um traço seu, de identidade e originalidade.
E a "forma" - a decisão das palavras, a opção do excesso - , tudo permite
consagrar a visão do escritor em relação aos fatos, ao cotidiano, aos detalhes da vida, ao mundo.
Igualmente, sua interpretação é imputada na forma como escreve -
seus escritos, seu interior, seus excessos... -, são sua maior expressão,
a alma que clama através das palavras, em excesso...

É ideal ser sintético?
Sim, claro.
Mas o que há de errado em ser análitico?
Que mal há no excesso?
Sabe-se que todos os excessos devem ser combatidos, eliminados, extinguidos...
Mas, e por que não dosá-los?
Por que não tirar o máximo proveito deles?
Controlá-los...

Há de convir que um longo tempo em excessos pode trazer aprendizados, benefícios únicos -
aprender a usá-los corretamente, usufruir dos seus pontos positivos, dominá-los ao seu favor.

Assim, o que é rotulado como pecado da escrita, a "forma" - analítica -, passa a ser vista
como uma oportunidade, indispensável ao avanço, ao progresso.
Um fator essencial ao nascimento de um grande escritor, por além do gostar de escrever,
por além do excesso...


Balbina Correia
Natal/02 de julho de 2011.

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