sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ao meu pai


O meu pai já se foi, talvez realizado, talvez já cansado, sentia-se inútil, a velhice lhe era um fardo. Relembro quando telefonava, eu já distante, contando-lhe as pequenas conquistas. Ele, imediatamente, as fazia gigantescas, como todos os pais talvez. Mas a ele dedico cada letra do que ora escrevo, cada passo da minha vida. Dedico-lhe esses momentos de intensa reflexão, quando paro e rememoro o nosso passado juntos. E nesse momento fala a criança que não lhe beijou, não lhe afagou, por falta de jeito, timidez e que agora em mim, costurada em mim, o retém puro, inteiro, como foi um dia.

(José Bitu Moreno)

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