quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Eita terra, meu Deus!...


Sela de couro, arame farpado de cerca
cuia de tacho rachado, mão feita colher
suor respingando, cansaço da vida
aroeira com cana, aguardente bebida
galinha ciscando, capão de mulher parida
não sabe o que é vida, eita vida sofrida!

capoeira de cobra, lajedo de pedra
cabeça de frade, cansanção agourenta
urtiga cortante, lanho sangrando em rompante
duas ou três mulheres, o amor de uma amante
morrer varado em tocaia, grito se ouviu no instante
não para sertão, teu caminho é mais adiante!

a noite de lua, noite de tanto sol
criança chorando, tanto pão noutra boca
não quero gota de medo, quero pingo de água
a tristeza infinita, coração cheio de mágoa
o mar virou massapê, esperança que deságua
sol vai sumir um tiquinho, vem a nuvem e sua frágua!

João e Maria, Bastião e Zabé
família de cangaceiro, parente de pistoleiro
quem não é vai ter de ser, é a vida ou morrer
padre reza na igreja, sertanejo no padecer
promessa pra sempre ter, oração pra não morrer
ninguém faz a sua sina, destino foge ao querer!

sertão matuto, bicho de valentia e brabeza
moça de laço de fita, linda flor mais bonita
o sulista desconhece, quem tá longe não acredita
do amor tanto amor, a paixão feito vindita
um povo que sabe amar, fuga da sorte maldita
tanto amor e tanta fé, que a vida seja bendita!


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

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